segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Porque é tão dificil implantar um ERP ?


Porque é tão dificil implantar um ERP ?

A implantação de um ERP não é um processo fácil, e normalmente passa por uma série de dificuldades que precisam ser contornadas para que o projeto seja um sucesso .

Passamos por vários tipos de dificuldades, e aqui vou elencar algumas que são comumente encontradas, irei também dar algumas dicas que irão ajudar a contornar essas dificuldades.

As situações que aqui serão narradas dependem diretamente da filosofia da empresa e muitas vezes são criadas até mesmo em função da maneira com que a o processo de compra da solução foi conduzido.

Podemos demonstrar o processo de aquisição de software por meio do gráfico abaixo que demonstra a expectativa do cliente com relação ao que o lhe é apresentado  e o que o aplicativo faz.


Como podemos ver, durante todo o processo de negociação o que é apresentado é que o sistema faz tudo que se quer,  e com isso a expectativa de quem está adquirindo somente aumenta.

Aumenta, pois enxerga que todos os seus desejos e anseios poderão ser alcançados pela maravilhosa ferramenta que lhe está sendo apresentada, mas a sua necessidade nem sempre é o que ele anseia, e muitas vezes o sistema atende adequadamente o que ele precisa.

Mas se isso não bastasse depois vem o processo de implementação de tudo que foi vendido para a alta administração, e é nessa hora que começam os primeiros problemas, onde é fundamental que o gerente de projeto mostre a sua faceta perversa e traga as expectativas do cliente para o nível que o sistema atende ou o que ele necessita, conforme o gráfico abaixo.

O gerente de projeto deve deixar claro para o cliente que nem tudo que ele deseja e anseia será feito, que DESEJO é diferente de NECESSIDADE. É fundamental que ele traga o cliente e os usuário para a realidade, apresentando e demonstrando o que pode ser feito.

Nesse momento deve-se ter cuidado e cautela, pois irá gerar um trauma e virá à tona a famosa frase, “Mas não foi isso que comprei, não foi isso que me apresentaram, me prometeram tudo que desejo”. É nessa hora que a habilidade de comunicação e capacidade de negociação do gerente de projeto deve se apresentar.

Vencida essa fase da expectativa, começam a aparecer outros problemas, que irão necessitar de tanta ou mais diplomacia pode parte do gerente do projeto.

A resistência do Usuário

Durante o processo de implementação iremos nos deparar com a resistência natural de todos os usuários, que terão que se adaptar a uma nova realidade, não só no que tange ao sistema informatizado, mas muitas vezes com mudanças de procedimentos e normas.

Nessa hora uma ferramenta muito útil é a Gestão de Mudança, essa ferramenta se bem trabalhada irá permitir que consigamos os envolvimento e comprometimento de todos para que possamos superar bem as barreiras imposta por pessoas que não desejam a mudança.

É muito comum encontrarmos pessoas com o discursos com os seguintes contextos :
“A empresa trabalha a sim há vários anos, porque mudar agora?”
“Estamos ganhando dinheiro assim, quem me prova que essa mudança é boa para empresa”
“Essa obra já começou errada não vale a pena implantar tudo isso, vamos terminar como começamos”
“O sistema antigo funcionava tão bem, é muito melhor, para que mudar?”

Essas e outras colocações irão surgir a todo o momento, e teremos que, muitas vezes, usar de uma boa dose paciência e muita diplomacia para mudar esses contextos. Caso isso não resolva uma boa estratégia é sempre envolver a alta gestão e usar da sua influência e patente para eliminar esses focos de resistência.

A eliminação desses focos de resistência o quanto antes se faz necessário para que eles não cresçam e venham a sabotar o projeto.

Outro problema que irá aparecer é a notória falta de capacidade de quem está envolvida no processo.

A Capacidade técnica da equipe de implementação.

Várias são as vezes que as empresas fornecedoras de software não se aliam a um processo adequado de consultoria de processos, e mais, contam com profissionais pouco preparados para entender o contexto de negócio da empresa.

No mercado da construção essa é uma realidade, são poucos os profissionais dessas empresas de softwares que entendem as nuances de uma empresa de construção.

É fundamental que a o profissional que vá integrar a equipe de técnica de implementação tenha conhecimento solido dos processos, e claro uma boa experiência no ramo, assim evitaremos uma serie de problemas inclusive com relação a nomenclaturas, termos técnicos, exigências legais e processos que são comuns a área.

A pouca experiência dos profissionais na área fim da empresa leva a outro problema constante.

A seqüência de levantamento e implementação.

Muitas empresas de software tendem a pasteurizar o seu processo de implementação, o que até deve ser feito para que as mesmas tenham maior produtividade, mas isso deve ser feito com foco no processo do cliente.

Um erro comum das empresas de softwares é venderem focadas no processo e na hora da entrega a fazem de maneira modular, o que irá prejudicar a implementação e o sucesso do projeto.

Esse fato é comum principalmente quando o Cliente colocar a frente do projeto uma pessoa que não irá se dedicar da maneira adequada ou não tem a experiência necessária para direcionar o trabalho que deve ser feito.

O processo de levantamento deve sempre comercar pela atividade fim da empresa, é comum vermos levantamentos iniciando pela contabilidade, fiscal ou financeiro que são justamente as áreas onde os processos irão finalizar.

Em uma construtora,  a origem de tudo é na engenharia, as demais áreas da empresa, são apoio ao negocio, não existe financeiro se não existir obra, não existe obra se não existir orçamento. Tudo gira em torno do negocio engenharia, o grande foco de controle estão nos processos da engenharia, toda atenção deve ser dada á essa área, pois é dela que teremos as informações gerencias para apuração do resultado da empresa.

Essa visão é fundamental, não importa se a primeira área que terá o sistema nova implementado será o RH ou a contabilidade, mas que no final da implementação as informações fundamentais da empresa sairão da engenharia, informações tais como:

Rentabilidade das obras
Custo Orçado x Realizado
Percentual de atraso
Custo de compras
Produtividade

E vários outros  indicadores que farão parte da gestão da empresa.

A desatenção dessa seqüência normalmente nos leva outro problema.

Baixa confiabilidade na capacidade da ferramenta adquirida

O fato da equipe de implementação começar por área não fim, leva em muitos casos à gestão da empresa não visualizarem os benefícios que a opção pela troca da ferramenta de gestão trará.

Isso acontece pelo fato da área fim ter sido deixada por ultimo , em função da empresa de software não ter profissional capacitado disponível para o projeto.

Esse é um ponto que o gerente do projeto deve ter uma atenção redobrada pois sem isso iremos ver crescer os problemas anteriores em função de uma falha de gestão no que tange a montagem da equipe.

O profissional que for atuar na implementação da área fim da empresa , deverá ter um alto conhecimento dos processos dessa área, e do produto que irá implementar.

Caso esse profissional não tenha esse conhecimento, não o utilize. Colocá-lo em processo desse tipo, pode ser um verdadeiro “harakiri”. Ele irá destruir o projeto, e colocar em cheque a ferramenta, e em alguns casos irá levar ao término prematuro do projeto.

Profissionais com pouco conhecimento tendem a colocar a culpa na ferramenta, alimentando o monstro da resistência a mudança, isso é sempre desastroso, pois a confiança na ferramenta se desintegra.

É obvio que em certos momentos a ferramenta irá apresentar falhas e não aderência, e um profissional conhecedor do mercado e com ampla experiência tem a capacidade de superar esses desafios, portanto, tenha na equipe de implantação um profissional muito bem capacitado.

Podemos dizer que esses são os principais fatores de risco e dificultadores para a implementação de um ERP em qualquer empresa.

Não podemos perder o foco na atividade fim da empresa afinal de contas a maioria das empresas não é bureau contábil.


5 comentários:

  1. Mboa esta matéria do teu blog ! Cássio

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  2. Obrigado Cássio, continue acompanhando e sugerindo, espero poder contribuir com o nosso dia a dia.

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  3. Lendo esse artigo logo o identifiquei com a implantação de nosso ERP. Somos uma empresa de projeto de engenharia e o nosso ERP não foi implantado com o foco na área fim, até porque, consultoria não tinha um profissional com conhecimento nessa área. A consultoria teve muita dificuldade para entender nosso processo e hoje estamos sofrendo as consequências.
    Parabéns pela iniciativa do blog.
    Carlos Henrique

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  4. Carlos, infelizmente a falta de experiência dos consultores prejudica bastante, e costuma causar traumas grandes.
    Continue acompanhando o blog, creio que poderei ajudar com os artigos que irei colocar.
    Voce tem alguma sugestao .

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  5. Marcos,
    Excelente suas informações sobre ERP para construção civil.
    Gostaria de uma informação sua. Estamos querendo implantar um ERP especifico para construção civil (gestão de obras) na construtora (2 anos de aberta). Já cotamos vários fornecedores de software dentre eles estão: INFORMACON; TOTVS; SWS; STRATOS; SIENGE. E chegamos à conclusão que em relação ao custo x beneficio, ja pensando no futuro optamos pelo SIENGE da softplan.
    Gostaria de saber sua analise se foi uma boa escolha.
    Se não, qual você indicaria?
    E-mail:
    thiago.eng@limaimobiliaria.com.br
    OBRIGADO

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